Estrada da Cancela Preta, fronteira entre Bangu e Padre Miguel, Rio de Janeiro. Lá pelas tantas da Avenida Brasil, mais de 45 km de distância de Ipanema, metonímia da cidade-globeleza que, ao contrário da propaganda, não tem tantos 450 anos assim. A vista para a Serra do Mendanha garante o destaque para a natureza em meio aos poucos prédios construídos ao redor.
É de manhã, mas o calor é de fazer ferver água de coco.
Na sala, quarenta e cinco adolescentes quase todos pretos ou quase brancos pobres como pretos, como diria Caetano, e eu, que, também preto, arrumo um
pretexto para sair dela de dez em dez minutos, assim como eles. Mas a vida é escola, a escola
ensina, e é preciso aprender. Recordemos então a lição, que há muito andava
esquecida:
- João, meu camarada, quebra um galho pra mim?
E o gari, que já havia contado vantagem mais cedo por
ter sido campeão no carnaval (desfilara na Estácio), além de ter arrumado uma
grana com um barraquinha na Sapucaí, me responde com um sorriso de esgrimista que golpeia nas pequenas brechas que a vida dá:
- Quem quebra galho é macaco gordo, professor! E eu sou levinho, levinho...
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