segunda-feira, 25 de maio de 2015

Ainda há?





A matéria trazia um monte de dados estatísticos e descrições metodológicas, além de um clamor geral pela preservação ambiental dessa cidade que, não obstante chamada Rio, tem feito os seus de privada, inclusive o Carioca, para vocês verem o ponto a que chegamos. Mas o que me deixou mesmo embasbacado foi o título, que anunciava a identificação de uma área de vegetação nativa na Floresta da Tijuca que correspondia a algo como 42 mil Maracanãs.

Termino a leitura - "42 mil Maracanãs de floresta!" - e fico ainda um bom tempo pensando naquela associação - "Maracanã...Floresta, Floresta... Maracanã..." -, até que na curva do pensamento esbarro com o general. Melhor dizendo, lembro da Curva da Amendoeira e do general Ângelo Mendes de Morais.

Explico-me: foi sob a administração de Mendes de Morais (1947-1951), empossado por outro general, o Eurico Gaspar Dutra, numa época em que, por ser Distrito Federal, os prefeitos da cidade eram nomeados diretamente pelo presidente da república, que foi construído o estádio do Maracanã para a fatídica Copa do Mundo de 1950. A realização da obra era polêmica e entre os seus muitos opositores estava o então vereador Carlos Lacerda, de modo que a atuação de Mendes de Morais foi decisiva para que o projeto fosse levado adiante, e com apoio popular ainda por cima.

E a Curva da Amendoeira? Bem, a curva ainda está lá, entre Flamengo e Botafogo, no entroncamento da Avenida Oswaldo Cruz com a Rui Barbosa, cuidada de perto por  Cuauhtémoc, o imperador asteca cujo corpo tombou diante das tropas de Cortez, e cuja estátua por algum milagre não teve o mesmo fim diante das obras do Aterro do Flamengo. Mas se a curva continua, a Amendoeira não. Foi retirada dali a mando do mesmo Mendes de Morais, o entusiasta do Maracanã. A justificativa, se é que havia uma, eu confesso que não sei. E na verdade tive preguiça de pesquisar. Não importa. O fato é que, se na Floresta da Tijuca ainda há floresta, na Curva da Amendoeira já não há mais a imponente amendoeira que lhe deu nome e identidade. E por falar nisso - assim é o Rio de Janeiro -, perguntar não ofende: acaso ainda há Maracanã no Maracanã?

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